'Vamos derrotar tucanos e alguns jornais e revistas', diz Lula em ato Em comício de Dilma, presidente investe contra 'alguns jornais e revistas'. Setores da imprensa 'não têm coragem de dizer que têm candidato', afirma.

18-09-2010 21:46

 Maria Angélica Oliveira

Do G1, em Campinas (SP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante comício de Dilma Rousseff em Campinas neste sábado (18)O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante
comício de Dilma Rousseff em Campinas
neste sábado (18)
(Foto: Vanessa Carvalho/News Free/Agência Estado)

Dois dias após a saída da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, desgastada por denúncias de tráfico de influência reveladas pela imprensa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez neste sábado (18), durante comício em Campinas (SP), críticas severas ao que classificou como "alguns jornais e revistas que se comportam como partido político".

Em palanque da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, Lula recomendou que a candidata não "perca o bom humor" por denúncias.

"Se mantenham tranquilos, porque outra vez, Dilma, nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos. Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem partido político e não tem coragem de dizer que são partido político, que têm candidato e não têm coragem de dizer que têm candidato, que não são democratas e pensam que são", disse o presidente.

Lula fez referência jocosa à revista semanal "Veja", que publicou no dia 11 a primeira denúncia sobre suposto tráfico de influência na Casa Civil e voltou ao tema na edição deste sábado.

"Eu fico vendo algumas revistas que vão sair na semana, sobretudo uma que não sei o nome dela, parece 'óia', nordestino falaria 'ói' . Ela destila ódio e mentira", afirmou o presidente.

O advogado da "Veja" Alexandre Fidalgo afirmou que as declarações do presidente Lula devem ser comentadas pela assessoria de imprensa do Grupo Abril a partir de segunda-feira.

'Estava com coceira na língua' para falar, diz Lula
Ao início do discurso, Lula disse que estava com “coceira na língua” para falar. “A Dilma pediu para me conter, o presidente do partido pediu pra me conter, mas não vou me conter”, afirmou, seguido por gritos de "fala" do público.

“Estou com muita dúvida em relação ao que falar. Eu preciso ser um homem contido porque sou presidente da República e pelo fato de ser presidente eu preciso medir minhas palavras para que os nossos adversários não inventem coisas a meu respeito”, disse.

Ao longo do discurso vieram as críticas a "determinados setores" da imprensa.

"Tem dia em que determinados setores da imprensa brasileira chegam a ser uma vergonha. Se o dono do jornal lesse o seu jornal ou o dono da revista lesse a sua revista, eles ficariam com vergonha do que estão escrevendo exatamente neste momento. Eles falam em democracia, mas a democracia que eles não se conformam é ver o crescimento da economia. O que eles não se conformam é que um metalúrgico fez mais universidades do que os presidentes elitistas desse país", disse.

Duro nas críticas à imprensa, Lula optou por ironias e provocações nas referências ao PSDB e à candidatura de José Serra à Presidência. 

Afirmou que, após eventual vitória de Aloizio Mercadante (PT) para o governo paulista, criaria um "Bolsa Famíia para tucanos não passarem fome em São Paulo".

"Você sabe que tucano come até o próprio filhote, eles são danados. Ninguém tem o bico daquele tamanho para nada. Não há colher que encha aquele bico de comida, então tem que ser um pessoal falador, prometedor. O pessoal está prometendo ate aumentar o salário mínimo", disse Lula, em referência à proposta de Serra de elevar o mínimo a R$ 600.

'Farsa'
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, abriu os discursos no comício fazendo duras críticas às denúncias de tráfico de influência na Casa Civil e afirmando que o caso trata-se de uma ‘farsa’ produzida para atingir a campanha.

Ele disse que ‘falsos democratas’ fazem uma campanha ‘insidiosa’ contra o PT e chamou a atenção para a reta final da campanha, apelando para a militância ‘avermelhar’ o país.

Dutra atacou o empresário Rubnei Quícoli, autor de parte das denúncias que culminaram na queda da ministra Erenice Guerra na Casa Civil, citando processos a que ele respondeu na Justiça. "De repente um cabra que foi condenado por fabricar dinheiro falso abre a boca pra falar mal da Dilma e recebe todos os holofotes. É a farsa que estão tentando do construir", atacou, aos gritos, sem citar o nome de Quícoli.

O presidente do PT disse que as denúncias viram manchetes de jornais e vão parar na propaganda eleitoral adversária. "Não adianta a farsa, não adianta armação, não adianta produzir manchete contra nós porque esse mesmo povo que elegeu o Lula vai eleger a primeira mulher presidente da República."

"Dizem que o Lula gosta de palanque, mas eles tem saudade daquele tempo em que o Brasil tinha governantes que gostavam de governar em cima dos tanques", disse. "Queria fazer um apelo a militância do meu partido, nesses dias que faltam, vamos 'avermelhar' Campinas, vamos 'avermelhar' São Paulo, vamos 'avermelhar' o Brasil."