Amazonas é o mais atrasado no Censo 2010 Estiagem que atinge os rios da região ajudam a explicar porque a evolução do recenseamento no maior Estado do País está albaixo da média naciona

12-09-2010 23:38

 

Site do IBGE mostra a evolução do Censo 2010 no Amazonas

Site do IBGE mostra a evolução do Censo 2010 no Amazonas (Foto: Reprodução)

Os dados mais recentes sobre o andamento do Censo 2010, disponíveis na página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na internet, mostram que o Amazonas é o estado onde a coleta de dados está mais atrasada.

Em todo o País, 127.160.464 pessoas já foram recenseadas, o que corresponde a 66% da expectativa do IBGE. Em relação ao número de domicílios, pelo menos 37.959.632 já foram visitados no Brasil, ou 45% do total esperado pelo Instituto. O Amazonas está abaixo da média nacional, com 2.067.962 de pessoas visitadas pelos recenseadores (61% do total estimado) e apenas 467.481 domicílios. Em termos percentuais, apenas 45% das residências do Estado já foram recenseadas. O índice é o pior do país.

O Estado, que começou bem no Censo 2010, com trabalho dentro da média em relação a outras unidades da Federação, começa agora a sofrer as consequências da seca, que dificulta o transporte na região - majoritariamente fluvial. Com o nível dos rios mais baixo, os recenseadores têm dificuldades de chegar até as residências para aplicar o questionário do IBGE. 

Na tabela que mostra a evolução do recenseamento por municípios, verifica-se que entre as cidades com maior atraso na coleta de dados estão justamente as atingidas pela seca. Em Atalaia do Norte, apenas 5.320 pessoas foram ouvidas, o que significa 36% do total esperado pelo IBGE. Se contados os domicílios, apenas 23% da meta foi alcançada. Em Ipixuna, apenas 867 residências foram visitadas ou 16% do total. Em Santa Isabel do Rio Negro, só 15%.

A dificuldade de navegar pelos rios da região é constatada em conversas com os comandantes de embarcações regionais. Em 23 anos que navega pelos rios do Amazonas, o comandante Dioclécio Sales dos Santos, 38, disse nunca ter visto o rio Solimões tão "seco" como agora. De acordo com ele, embarcações grandes e médias já não conseguem mais passar da comunidade de Arumanduba, entre os municípios de Fonte Boa e Jutaí (a 600 quilômetros de Manaus), por causa dos bancos de areia. Dois barcos já encalharam no trecho. "Nesse trecho a situação está crítica, só os barcos pequenos passam. Mas nos rios Madeira e Juruá está ainda pior".

Banhada pelo rio Japurá, Maraã (681 quilômetros de Manaus) é a cidade que apresenta o pior resultado entre os 62 municípios amazonenses visitados pelo IBGE. Apenas 2.882 moradores foram ouvidos, o que corresponde a 16% da expectativa do Censo. Se forem contados apenas os domicílios visitados, o resultado é ainda pior:  480 ou 9% do que espera o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O nível de água atual do rio Japurá está mais de dois metros abaixo do nível registrado no mesmo período do ano passado.Com o nível baixo fica difícil sair da sede do município (centro da cidade) para as comunidades mais afastadas. A situação de Maraã se repete no restante do Estado e em alguns municípios já foi decretado estado de emergência.

A expectativa do serviço geológico (CPRM) é que as chuvas de setembro revertem o quadro de estiagem no Amazonas. A previsão do IBGE é de que a fase de coleta de dados do Censo 2010, iniciada em agosto, vá até o mês de novembro e que, em dezembro, já sejam divulgados os primeiros resultados da pesquisa.