Começa a maior manifestação folclórica do Brasil
Começa a maior manifestação folclórica do Brasil Com 46 anos de existência, o Festival de Parintins, no Amazonas, atrai cada vez mais turistas à região.
O espetáculo, sempre recheado de cores, magia e cultura, movimenta a maior floresta do mundo durante o ano todo com os preparativos a grande festa que, desde 2008, é transmitida com exclusividade pela Band.
Como todo evento, o festival também tem seus anfitriões, mas neste caso eles disputam entre si e vêm até com torcida e uniforme. Conheça os protagonistas do show:
Nome: Boi Caprichoso
Fundação: 1913
Cores: azul e branco
Símbolo: estrela
Bairro: Palmares
Presidente: Márcia Baranda
Tema 2011: A Magia que Encanta
Vitórias: 18 - 1969, 1972, 1974, 1976, 1979, 1985, 1987, 1990, 1992, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000 (empate), 2003, 2007, 2008 e 2010.
Nome: Boi Garantido
Fundação: 1913
Cores: vermelho e branco
Símbolo: coração
Bairro: São José
Presidente: Telo Pinto
Tema 2011: Miscigenação
Vitórias: 28 - 1966, 1967, 1968, 1970, 1971, 1973, 1975, 1977, 1978, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1986, 1988, 1989, 1991, 1993, 1997, 1999, 2000 (empate), 2001, 2002, 2004, 2005, 2006 e 2009.
(Tatiane Moreno)
ENTENDA O FESTIVAL DE PARINTINS
O Festival de Parintins acontece sempre no último final de semana do mês de junho. São três noites (sexta, sábado e domingo) para os “Bois” –como são chamadas as equipes – contarem a mesma história, com as lendas, os rituais, as danças tribais, os bonecos, os trajes, as alegorias, que são exigidas.
No total, o público assiste seis vezes o espetáculo das agremiações, porém, cada noite é diferente, em um espetáculo completamente novo. A ideia é simples: os bois Garantido e Caprichoso precisam contar a história de um “Boi” alegre, brincalhão e animado. No conto, este animal dançava, enchendo de energia os lugares por onde passava, sendo muito querido por todos; até que um dia, um empregado da fazenda, Pai Francisco, matava o bicho para satisfazer o desejo de sua esposa, que grávida, queria comer língua de boi. Esse personagem e sua esposa, Mãe Catirina, passavam a ser perseguidos por todos na cidade. Na tentativa de salvar o “Boi”, apareciam o médico, o padre, o Amo da fazenda e sua filha – a Sinhazinha. Depois de muita reza e de fazerem todo o possível, finalmente, conseguiam ressuscitar o animal. A felicidade era enorme, começava uma grande festa e, Pai Francisco, que até então era o vilão da história, acabava sendo perdoado.
O lugar para contar essa história folclórica é uma arena, chamada de “Bumbódromo”, que acomoda 35 mil espectadores. Cada “Boi” tem três horas para se apresentar e o vencedor é escolhido por um júri, que avalia a performance de cada “Boi” em diversas categorias: apresentação do “Boi”, apresentação da tribo indígena, apresentação dos tuxauas – chefes indígenas –, apresentação do rituais xamanísticos, melhor música, melhores alegorias, melhor coreografia, entre outros.
O Julgamento
A cada noite são escolhidos 21 ou 22 itens a serem julgados por um grupo composto de 12 jurados. A nota mínima é 7 e a máxima é 10, podendo-se usar frações. No entanto, quando a associação não apresenta algum item que estiver sendo julgado naquela noite, ela recebe nota zero, ainda que seja apresentado em qualquer das outras noites.
A cor do outro Bumbá só pode ser usada em casos excepcionais, como uma alegoria que naturalmente tenha que ser azul ou vermelha, do contrário, é proibida a sua utilização.
São escolhidos ainda alguns dos seguintes itens para compor os critérios da votação:
APRESENTADOR: É o Mestre de Cerimônia. Precisa ter domínio de arena e de público, fluência verbal, impostação de voz, ótima dicção, alegria e atenção a tudo o que se passa dentro da arena.
LEVANTADOR DE TOADAS: Marca o centro do espetáculo. Sua voz conduz o tema. Precisa ter afinação, dicção, timbre e técnica de canto.
BATUCADA OU MARUJADA: Dá sustentação rítmica à apresentação. Serve de base ao espetáculo, fornecendo o ritmo das toadas. Deve ter cadência e harmonia.
RITUAL INDÍGENA: Recriação de um ritual xamanístico, dentro do contexto folclórico; fundamentado através de pesquisa. Leva-se em conta a teatralização e os efeitos criados.
PORTA-ESTANDARTE: Representa o símbolo do Boi em movimento. Ela deverá ter garra, desenvoltura, elegância, alegria, sincronia de movimentos entre o bailado e o estandarte.
AMO DO BOI: É o dono da fazenda. Precisa ter boa dicção, desenvoltura e elegância, desempenhar expressões cênicas e ser capaz de criar com muita qualidade poemas improvisados.
SINHAZINHA DA FAZENDA: É a filha do dono da fazenda. Precisa ter graça, desenvoltura, simplicidade, alegria, saudando o boi e do público.
RAINHA DO FOLCLORE: Representa a expressão do poder, pela manifestação popular. Deve possuir graça, movimentos com desenvoltura, incorporação, indumentária.
CUNHÃ-PORANGA: Representa a moça bonita, uma sacerdotisa, guerreira e guardiã. Expressa a força através da beleza. Deve possuir desenvoltura e incorporar a personagem.
BOI BUMBÁ EVOLUÇÃO: É o símbolo da manifestação popular. Motivo e razão de ser do festival. Deve ter geometria idêntica, leveza, alegria, evolução, encenação, coreografia e movimentos de um boi real.
TOADA (LETRA E MÚSICA): Suporte literário e musical do festival. Avalia-se a melodia, a métrica, o conteúdo, a composição, a harmonia. Deve servir de elo entre a individualidade e o grupo. Agregando elementos históricos, geográficos, culturais e sociais, desde os momentos primitivos até os nossos dias em sua interpretação.
PAJÉ: É o curandeiro, xamã, sacerdote. Ponto de equilíbrio das tribos. Precisa apresentar expressão corporal e facial, movimentos harmônicos, segurança e domínio do espaço cênico.
TRIBOS INDÍGENAS: Apresentação de um agrupamento nativo da Amazônia. Considera-se: sincronia de movimentos, fidelidade às raízes, cores, expressões cênicas, formas de dançar e movimentos originais.
PAI FRANCISCO E MÃE CATIRINA: Marido e mulher, figuras folclóricas e burlescas da fazenda. Apresentam-se de forma desenvolta, artística, cômica, engraçada e improvisada.
TUXAUAS: Chefe supremo da tribo. Representação alegórica do imaginário indígena e caboclo da Amazônia. Manter a fidelidade ao tema da noite, ser rico em detalhes nas confecções do capacete.
FIGURA TÍPICA REGIONAL: Algum símbolo da cultura amazônica, que homenageie as raízes da terra.
ALEGORIA: Estrutura artística que funciona como suporte e cenário para a apresentação. Considera-se acabamento, execução, funcionalidade, porte e estética.
LENDA AMAZÔNICA: Ficção que retrata e ilustra a cultura e o folclore de um povo. Imaginação, envolvimento e encenação são importantes neste item.
VAQUEIRADA: Guardiã do Boi. Deve apresentar tradição, sintonia e coreografia.
GALERA: Massa humana que forma uma das maiores coreografias uníssonas do mundo. Elemento de apoio ao espetáculo, dando estímulo à apresentação. Alegria, energia contagiante, sincronia, garra, evolução e empolgação.
ORGANIZAÇÃO E CONJUNTO FOLCLÓRICO - APOTEOSE: Reunião de itens: individuais, artísticos e coletivos, embasados no conteúdo da noite, dispostos organizadamente na arena. Considera-se: harmonia, velocidade de apresentação, liberdade de movimentos na arena e tempo compatível.
COREOGRAFIA: Os movimentos de dança apresentados durante todo o espetáculo. Avalia-se: dinâmica, movimentos, ritmo e sincronia.