Linhão de Tucuruí chega com expectativa e estragos

21-03-2013 14:48

 

 

 

Com atraso de mais de uma década, desde quando os senadores Gilberto Mestrinho e Jéferson Peres colocaram recursos no Orçamento em 2002, para o orçamento do ano seguinte, o Linhão de Tucuruí vai entrar em fase de testes, na Cidade de Manaus, na primeira quinzena do mês de maio deste ano. A previsão é do engenheiro eletricista e coordenador estadual do Programa Luz Para Todos (LPT) no Amazonas, Robson de Bastos. 
De acordo com ele, as obras estão adiantadas e toda a rede está interligada. Sobre as subestações que atendem a capital, neste momento, Robson de Bastos, afirma que as unidades vão ficar “de stand by”, caso haja a necessidade de utilização. Manaus é atendida, hoje, pelas subestações de Mauazinhho, Aparecida e Balbina. 
A obra, que começou orçada em R$ 1,5 bilhão, vai ser concluída com um investimento de R$ 2 bilhões. Afinal ninguém é de ferro nem resiste a um aditivozinho. Cerca de 1,5 milhão de pessoas em sete municípios do Amazonas, incluindo Manaus, por uma infraestrutura que produz 50 vezes mais energia que Balbina. 


Estragos urbanos


A propósito, o procurador da República Leonardo Andrade Macedo instaurou, em fevereiro último, no âmbito do Ministério Público Federal (MPF), inquérito civil para apurar “a regularidade ambiental das obras de instalação da linha de transmissão Mutirão – Cachoeira Grande - Compensa e seus impactos sobre o corredor ecológico urbano do Mindu”, da etapa urbana do Linhão de Tucuruí, apontando irregularidades na obra que ocorrem às margens do igarapé. 
A instalação de torres de transmissão de energia elétrica do Linhão de Tucuruí às margens do Mindu, em Manaus, pode causar graves impactos na mobilidade urbana, no solo, no clima, na fauna e na vegetação do local, provocando desde alagamentos de ruas, como as avenidas Umberto Calderaro Filho e Maceió, a alterações climáticas na área de influência da obra, sobretudo no bairro Parque Dez, na Zona Centro-Sul.


Medidas de prevenção e ajustes


Animais como o sauim-de-coleira, que sofre risco de extinção, podem ficar isolados devido à redução do habitat e se tornarem vítimas de choque elétrico, e répteis e peixes nativos podem ter a reprodução comprometida. O alerta foi feito pelo especialista em manejo de fauna em Unidades de Conservação e Áreas Protegidas e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Rogério Fonseca. O inquérito para investigar o caso foi instaurado a partir da portaria nº 035. Nela, o procurador considerou, para instaurar o processo, “a notícia jornalística de que ‘Linhão de Tucuruí pode causar danos ambientais em área do Igarapé do Mindu, diz especialista’”, bem como o alerta quanto aos riscos que as obras poderão causar ao futuro da fauna, inclusive em relação a animais ameaçados de extinção, como o sauim-de-coleira.


Incremento das enchentes


Em decorrência da instalação da linha de transmissão, árvores foram suprimidas do local em desconformidade com a atividade. Conforme o MPF, a área é uma zona de infiltração de água que serve como amortecimento da cidade, com dezenas de afluentes, “o que impede alagamentos e enchentes frequentes na cidade de Manaus”. Também considera que a área está inserida no Corredor Ecológico Urbano do Igarapé do Mindu, as unidades de conservação do Parque Municipal do Mindu e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Cachoeira Grande/Honda, “que está diretamente afetada pela Linha de Transmissão em questão, além de diversas áreas verdes dos conjuntos habitacionais implantados nas suas adjacências”.

Interdição estratégica


De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), a obra foi suspensa em janeiro nos trechos que cortam o Parque do Mindu e, atualmente, continua interditada na área do parque. Foram encaminhados ao MPF os documentos relativos à obra solicitados pelo órgão federal. A Eletrobrás Amazonas Energia, responsável pela obra, informou por meio de sua assessoria, que as providências já estão sendo tomadas para pleno atendimento das reclamações.

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