Derrotado por uma diferença de 0,9%, o senador Arthur Neto(PSDB) diz que perdeu a segunda vaga no Senado Federal para o "derrame de dinheiro", segundo ele, promovido no interior do Estado em favor de Vanessa Grazziotin (PCdoB), sua principal concorrente.
"Tenho muita estima por ela (Vanessa), mas sei que ela não tem um pau para dar em gato",declarou o senador ontem à noite, após o resultado da apuração.
Eduardo Braga (PMDB), com 1,2 milhões de votos, e Vanessa Grazziotin, com 665,8 mil votos, foram eleitos para a duas vagas do Amazonas no Senado, respectivamente. Arthur ficou em terceiro, com 639,7 mil votos. Na avaliação do tucano, a candidata do PCdoB foi "um instrumento de rancor pessoal" de Braga contra ele. A razão seria o fato dele ter denunciado irregularidades supostamente cometidas pela gestão de Braga.
Arthur Neto disse que o escritório jurídico dele vai tomar providências com relação aos casos de irregularidades envolvendo a campanha de Vanessa Grazziotin. Isso vai ter que ser apreciado pela a Justiça. Até para que sirva de lição. Porque, sem dúvida, essas irregularidades influenciaram os resultados das eleições", afirmou.
O candidato agradeceu a votação que teve no interior do estado, mas disse que o Estado do Amazonas não vive uma verdadeira democracia. "Seria indignidade minha voltar as costas para o interior. Não há liberdade de expressão. Tem muito 'estou contigo mas não posso aparecer'. Mas agradeço, porque tive muito apoio de adversários políticos", declarou.
Arthur disse que torce para que os senadores eleitos consigam fazer um Senado forte. "Mais forte politicamente vai ser difícil, mas eu torço para que seja. O Senado hoje está proibido de tocar em assunto que perturbe a vida econômica do Estado do Amazonas", comentou.
A seguir, trechos da entrevista concedida por Arthur Neto à imprensa, depois do resultado do pleito.
O senhor está decepcionado com o resultado da votação?
Estou muito tranquilo. Sempre trabalhei com essa possibilidade. Eu sou um homem público que me elegi para um mandato de oito anos. Não me elegi para um mandato de 16 anos. Assim como me elegi para prefeito e para os três mandatos de deputado federal. Se fosse desses que se elegem pensando no outro mandato, não teria retirado os camelôs do centro da cidade. Teria simplesmente empurrado com a barriga, como todos fazem.
A sua oposição ao governo do presidente Lula lhe prejudicou?
Se eu tivesse pedido voto para o Serra, num Estado que idolatra o Lula, teria perdido por uma diferença grande, não por esse zero vírgula alguma coisa. Mas o que o Lula não perdoou de verdade é que ele sabe que quando eu o derrotei na votação da CPMF, eu derrotei a possibilidade do terceiro mandato, que era o que ele queria.
Como vai ser o final do seu mandato?
Eu me elejo por mandatos e os cumpro até o final. Vou cumprir até o final, com a mesma garra e dignidade. Nesse ponto quero elogiar aqui uma pessoa que fez parecido comigo, que é o meu compadre e amigo senador Bernardo Cabral, que era presidente da CCJ e despachou até o último dia.